Mulher ativa é Maria
Sempre fala e grita
E cheia de ousadia...
Pede esmola todo dia!
Veste-se sempre de alegria
Esta exibida mendiga.
Que usa badulaques de mandinga!
Para uns uma louca bem varrida...
Para outros uma pedra no sapato...
A quem ache uma desgraçada
Que não tem nenhuma graça...
A quem queira dar nela bordoada...
E vai maltrapilha sorrindo, gargalhando
Vivendo e transpirando seu destino!
E segue desafiando os princípios da felicidade...
Isto incomoda a nossa equilibrada sociedade
Que empoem preço e direito a prosperidade...
Resumindo apesar de tudo uma Maria é feliz!
Essa danada não nasceu na rua,
Ela tinha sua casa
E adorava da varanda ver lua!
Sua mãe era Maria da graça
Que adorava tomar uma cachaça
Seu pai era o rei da praça...
Veio a policia e acabou tudo
Seu pai morreu de, sobretudo.
E sua mãe louca largou tudo...
Ela com treze enfrentou o mundo!
Ela esqueceu seus sonhos
Conheceu e venceu seus medos...
Fugiu de seus mentores
Que queriam ser seus feitores...
Aprisionando-lhe em selas santas
E fez do mundo seu quarto
Ela amava Deus...
E beijava o Diabo...
E se sentiu um Anjo desgraçado
Num paraíso jamais imaginado!
Aprendeu a sentir fome
E a esquecer seu nome...
E viu sua bela aparência
Mergulhar numa decadência
E aos poucos perdeu a decência
Aprendeu a ser fértil mulher...
Nasceu seu amor e lhe tomaram
Sobrou a apenas a saudade...
E uma boneca velha do lixão
Que foi o consolo para sua emoção...
Mas ela se fez Maria felicidade!
Loucura?
Não, sobrevivência...
Ela não sonha
E sim ela um sonho!
Mario Macedo de Almeida